A edição deste ano do mais prestigiado prémio de arquitetura da Península Ibérica, o Prémio do Fomento das Artes e do Desenho, foi para o arquiteto português Pedro Domingos, pelo projecto da Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga. Este foi apenas mais um dos muitos galardões atribuídos a arquitetos portugueses ao longo dos últimos anos, com destaque para o Prémio Pritzker, considerado uma espécie de Nobel da Arquitetura mundial, atribuído a Álvaro Siza Vieira em 1992, e a Eduardo Souto Moura em 2011.
As obras de Álvaro Siza Vieira; Jorge Ferreira Chaves, um dos pais do Movimento Moderno em Portugal e autor da Pastelaria Mexicana, em Lisboa; Manuel Tainha; Fernando Távora; Eduardo Souto Moura; Carrilho da Graça (Museu do Oriente e Escola Superior de Comunicação Social, ambas em Lisboa); Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, entre outros, surgem como referência da arquitetura contemporânea da década de sessenta em diante.
Álvaro Siza Vieira passou a estar debaixo das luzes da ribalta com a reconstrução do Chiado, depois do grande incêndio de 1988. Mas a sua obra há muito que era admirada fora do país. O plano de recuperação do bairro judeu, em Veneza, e da zona de Kreuzberg de Berlim, ou a Casa de Chá da Boa Nova são alguns dos exemplos da excelência que o catapultou para o mais alto patamar da arte de projetar. Mais recentemente, a Adega Mayor, em Campo Maior, colocou o nome de Siza na rota dos grandes arquitetos de adegas contemporâneas da Península Ibérica.
Outros mestre da Escola Superior de Belas-Artes do Porto é Alcino Soutinho, autor do novo edifício do Museu Amadeo de Souza-Cardoso em Amarante, e que, em 1982, recebeu o prémio Europa Nostra pela obra de recuperação do Castelo de Vila Nova de Cerveira e a sua adaptação para Pousada de D. Dinis. Foi no entanto com os Paços do Concelho de Matosinhos, concluídos em 1987, que obteve consagração nacional e internacional.
O projeto do estádio do Sporting de Braga foi uma das obras que levaram o júri do Pritzker a concluir que o arquiteto português Eduardo Souto Moura concilia características opostas, como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza. A Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, ou a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, no Porto, são obras de Souto de Moura que, juntamente com Álvaro Siza, escreveram os seus nomes na história da arquitetura mundial, ao lado de Santiago Calatrava, Oscar Niemeyer, Frank Gehry, Jean Nouvel ou Rem Koolhaas.
Identificado como um setor estratégico para a promoção do país, a arquitetura sempre cumpriu esta função, designadamente na Escola de Arquitectura do Porto, referência mundial no ensino da arte, onde se formaram os dois “Pritzkers” portugueses.
Porém, nomes como Francisco Arruda, Raul Lino, ou o mestre Cassiano Branco, com edifícios tão emblemáticos como o Éden de Lisboa e o Coliseu do Porto, figuram nos anais da história da arquitetura nacional e mundial. E não podemos esquecer Porfírio Pardal Monteiro, que deu a Lisboa a Biblioteca Nacional e as gares marítimas da Rocha do Conde de Óbidos e de Alcântara e os edifícios do Instituto Superior Técnico, do Instituto Nacional de Estatística, da Faculdade de Letras de Lisboa, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e do Diário de Notícias, bem como os hotéis Tivoli e Ritz.